Em 13-03-2009 deixei de ser formiga (ver post formiga no carreiro) e fiquei só.
Hoje sinto-me mais acompanhado.
Já a formiga tem catarro
Miguel
Macedo foi
a Vouzela. Tal como acontece e continuará a acontecer a todos os membros de um
governo em estado comatoso foi vaiado quando lá chegou. Naturalmente, não
gostou. E não deixou de nos oferecer a sua "pedagogia": "Portugal
não pode continuar um país de muitas cigarras e poucas formigas". Para
começar, talvez não fosse mau recordar ao senhor ministro que está a falar com
adultos. Não são nem seus filhos nem seus netos. São quem lhe paga o salário
para cumprir a sua função: governar.
Para o ministro
da Administração Interna há, em Portugal, um bando de preguiçosos (muitos)
que gasta o que não temos. Ou seja, esses muitos (a maioria, supõe-se) são os
responsáveis por esta crise, diz o Mitt Romney à portuguesa. E depois há uma
minoria de gente trabalhadora, ordeira e caladinha que paga e segue quem manda,
mesmo que quem mande seja visivelmente incompetente e destituído de qualquer
capacidade política.
Não farei
a injustiça de dizer que Miguel Macedo é uma cigarra. Até porque, como se vê
pelos seus atributos de "pedagogo", falta brilho à sua música. Fará o
que pode e o melhor que sabe. É provável que possa pouco e que não saiba grande
coisa. Mas, como também sou cidadão deste País, quero ser pedagógico com o
senhor ministro, seus colegas e a horda de boys que ciclicamente inunda, sem
outro critério que não seja o cartão partidário, os ministérios. Seria
bom, nestes tempos difíceis, abandonarem as fábulas infantis e, como
sabe quem conhece esta, com um cheirinho bafiento de outros tempos. Seria bom
deixarem de chamar "piegas" e "preguiçosos" a quem os
elegeu. Gostem ou não gostem do povo que governam, é para ele que têm de
trabalhar. E quando um governo e um povo não se dão bem, um deles está
a mais. Não se podendo mudar de povo, costuma-se mudar de governo. Poderá
então o senhor ministro seguir o apelo do seu primeiro e emigrar em busca de um
povo que se deixe governar melhor.
Para
dar lições de moral ao País é preciso ter alguma. E um governo que
tem Miguel Relvas como um dos seus principais ministros, que há poucos dias nos
ofereceu a triste novela da TSU e que tem para oferecer aos portugueses os
catastróficos indicadores económicos que conhecemos, não pode abrir a boca para
ensinar nada a ninguém. Se é difícil aturar o insulto de quem tenha competência,
torna-se ainda mais insuportável quando os sermões vêm de quem, até agora, não
conseguiu merecer o lugar que ocupa.
Foi Passos
Coelho que marcou este estilo de sermão de professor primário. Um
estilo que aposta no histórico complexo de inferioridade dos portugueses para,
amesquinhando-o, o tornar mais manso. Pode ter passado despercebido ao
ministro, mas nas últimas semanas, quando os portugueses perceberam o assalto
que esta gente preparava, mudou muita coisa. E a paciência para este tipo de
garotadas esgotou-se. Sim, o barulho insuportável das supostas
"cigarras" vai continuar a ouvir-se. Porque, veja-se o
descaramento,não gostam de ser tratadas como "formigas".
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