domingo, 12 de julho de 2009

Insolvências aumentaram 65% no semestre


Por dia, há quase 13 processos de insolvência em Portugal e o número de empresas em dificuldades disparou 64,7 por cento nos primeiros seis meses do ano, face a 2008. No mesmo período, a criação de novos negócios caiu perto de 17 por cento.


Dados divulgados ontem pela Coface, que reúne informação empresarial, mostram um "aumento bastante significativo" do total de acções e decisões de insolvência, de 1387 para 2285. Ou seja, um por cento das empresas em Portugal, diz o estudo.


Na maior parte dos casos, são os credores quem recorre aos tribunais na tentativa de reaver o pagamento de dívidas acumuladas, mas nos seis primeiros meses do ano o número de accionistas que decidiu, por iniciativa própria, tentar obter um plano de insolvência cresceu mais de 118 por cento. Do total de acções, 425 foram solicitadas pelas empresas.


"Os dados confirmam os alertas que a CGTP tem vindo a fazer sobre o definhamento do sector produtivo", comentou Arménio Carlos, membro da comissão executiva da central sindical. Os sectores mais atingidos foram o têxtil, a construção, o comércio por grosso e a retalho. Pelo contrário, os que melhor têm resistido à crise são da área do turismo (alojamento) e saúde. "Grande parte das empresas insolventes fica com salários por pagar e indemnizações", acrescenta o dirigente.


Para Eduardo Catroga, o aumento das insolvências "não é de admirar" e faz parte do ciclo económico. "Numa economia de mercado, as empresas nascem, vivem e morrem. A taxa de mortalidade agrava-se nos períodos de recessão", comenta o ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, acrescentando que estes são "períodos de desinfecção das economias".


Contudo, o economista defende que é preciso estimular a criação de novas empresas e mesmo que a taxa de empreendedorismo em Portugal seja "razoável" face à média europeia, "falta qualidade nos projectos empresariais".


Segundo os dados mais recentes do INE, apenas 47 por cento das empresas criadas em 2007 conseguiriam manter as portas abertas ao fim de três anos de actividade.


No primeiro semestre deste ano, os tribunais declararam a insolvência a 587 empresas, um aumento de quase 43 por cento. Apenas 36 foram alvo de um plano de viabilização, mantendo a tendência do ano passado. "[O plano de insolvência] tem um peso bastante reduzido no total das decisões: 5,8 por cento contra 94,2 por cento das declarações de insolvência", diz a Coface.


É no distrito do Porto que se regista o maior número de casos (quase 29 por cento), seguido de Lisboa (18,5 por cento) e Braga (13,3 por cento).


Fonte: Publico

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